Um documento publicado na internet revelou várias histórias até então desconhecidas sobre Ayrton Senna e a Lotus. O site da Legacy Tobacco Documents Library publicou uma cópia do contrato assinado entre a Lotus e o brasileiro para as temporadas de 1987 e 1988, que revela fatos curiosos, como a exigência do status de primeiro piloto e a obrigatoriedade de lidar com a imprensa de “forma totalmente profissional”. A descoberta do documento foi feita por um leitor do blog do jornalista Fábio Seixas, da Folha de S. Paulo.
São 19 páginas detalhando os deveres e direitos de Senna enquanto fosse piloto do time fundado por Colin Chapman. O documento só acabou sendo publicado nesta página (que é uma espécie de arquivo virtual da indústria tabagista, mantido pela Universidade da Califórnia) pela forte ligação da Lotus com a marca de cigarros Camel, então principal patrocinadora da equipe.
Como Senna já defendia a Lotus em 1985, um ano após sua estreia na F-1 pela Toleman, o contrato tinha valor para as terceira e quarta temporadas pela equipe – Senna acabou se valendo de uma cláusula e deixou o time antes do término de seu vínculo para assinar com a McLaren. Nem é preciso analisar o documento tão detalhadamente para achar informações um tanto quanto suspeitas. Uma das principais está na assinatura do contrato, que não foi lavrado pelo piloto, e sim por seu procurador. As duas partes são a Team Lotus International Limited, sediada em Wymondham, na Inglaterra, e Ayrton Senna da Silva Promotions Limited, com sede nas... Bahamas. Trocando em miúdos, a empresa da família Senna da Silva era registrada em um paraíso fiscal.
O contrato tinha validade por dois anos, mas continha uma data-limite para rescisão de qualquer um dos lados: 8 de agosto de 1987. Foi com base nesta data que Senna migrou para a McLaren, mesmo tendo desobedecido a uma das cláusulas ao negociar sua transferência para o time de Ron Dennis antes do fim de seu contrato com a Lotus.
Senna era obrigado a permitir a “exploração de seu nome e fama” por parte da Lotus e comprometia-se a mudar da Inglaterra por questões fiscais – escolheu Mônaco como seu novo lar. O piloto não podia praticar esportes radicais para preservar sua integridade física e garantia sua presença nos eventos de patrocinadores da Lotus até 31 de dezembro.
Seu seguro de vida era de 50 mil libras esterlinas, equivalente a meros 405 mil reais nos valores atuais. Não era obrigado a fazer propagandas de cigarro e podia estampar seus patrocinadores pessoais no capacete e no macacão. A Lotus concordava em “empenhar todos os esforços para que os carros da equipe sejam os mais idênticos dentro do possível”, embora o brasileiro tivesse garantido o privilégio de primeiro piloto, “com todas as prioridades na alocação de equipamentos, se houver necessidade”.
Quanto às remunerações, Senna tinha salário de 1,5 milhão de dólares em seu primeiro ano. Corrigindo os valores e realizando as conversões necessárias, seu prêmio era de 4,7 milhões de dólares anuais. Apenas para comparação, Massa ganha 7,7 milhões de dólares a cada 12 meses de trabalho pela Ferrari. Em 1988 seu salário subiu para 1,65 milhão de dólares. Cada ponto conquistado somava quatro mil dólares na conta bancária de Senna, com o título valendo 250 mil dólares extras. Prêmios oferecidos por romotores, equipe e pilotos ficariam com 45% dos prêmios em dinheiro
Até o boné da Nacional imortalizado nos pódios de Senna durante sua carreira foi trocado pela Lotus em 1987. “Em consideração aos esforços da Lotus por recursos, a Ayrton Senna Promotions concorda que o piloto usará o boné que a equipe definir em áreas públicas dos circuitos, testes, eventos com a imprensa e entrevistas de TV, substituindo o boné do Nacional usado em 1986. Continua a obrigatoriedade pelo uso do boné da Goodyear nas cerimônias de pódio”. Senna acabou usando um boné da fabricante de óleos lubrificantes Elf.
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